Conheça o terapeuta Rafael

Vida e estilo | 18/06/2025 13h42

Material cedido

É comum que, ao receberem o diagnóstico de uma hérnia de disco, muitas pessoas sintam-se alarmadas, mesmo na ausência de qualquer dor. Recentemente, alguns estudos trouxeram dados que confirmam o que observo há mais de nove anos como terapeuta manual: grande parte das pessoas diagnosticadas com hérnia de disco não apresenta sintomas dolorosos. A ciência já aponta que alterações estruturais na coluna vertebral são frequentemente encontradas em exames de imagem de pessoas completamente assintomáticas.

Entretanto, o impacto emocional gerado pelo diagnóstico é, muitas vezes, subestimado. Saber que se tem uma "hérnia de disco" pode causar tensão, medo e insegurança. Essa apreensão pode ser suficiente para acionar o sistema nervoso de forma a gerar dor, mesmo que não haja dano real. O cérebro interpreta essa nova informação como ameaça, criando um ciclo em que a dor nasce da ansiedade e do estresse — não da lesão em si.

A dor crônica, por sua vez, vai muito além do incômodo físico. Ela compromete quatro grandes domínios da vida:

1. Físico – limitações funcionais, fadiga, distúrbios do sono e redução da mobilidade são comuns.

2. Psicológico – pode desencadear depressão, ansiedade, baixa autoestima e sensação de desesperança.

3. Social – compromete vínculos afetivos e profissionais, levando ao isolamento.

4. Ambiental – o acesso a cuidados, trabalho e lazer muitas vezes se torna limitado.

Há ainda impactos cognitivos: memória, atenção e concentração podem ser prejudicadas, agravando a sensação de incapacidade.

O diagnóstico deve ser um ponto de partida para acolhimento, não de medo. O papel do profissional de saúde é fundamental: contextualizar o achado do exame e escutar o paciente com empatia, ajudando-o a retomar o controle sobre sua jornada de cuidado.

Entender que nem toda alteração estrutural representa sentença de dor, é libertador. E ao reconhecermos o poder que o estresse e a percepção de ameaça têm sobre o corpo, ampliamos nossa capacidade de promover saúde — não só física, mas emocional e social também.