Paris 2024: Street masculino chega à final, mas não consegue medalha
Kelvin Hoefler, Felipe Gustavo e Giovanni Vianna representaram o skate masculino brasileiro nas pistas de Paris


Foto: Miriam Jeske/COB
Começamos a semana na Arena La Concorde novamente para acompanhar o Skate Street Masculino nas olimpíadas 2024. A competição que deveria ter acontecido no último sábado foi postergada para hoje devido às chuvas e contou com um dia muito quente e com bastante vento na capital Francesa.
Assim como no Street Feminino, a categoria masculina teve 22 skatistas competindo por 8 vagas na final. Dos 22, 3 eram brasileiros: Felipe Gustavo, Giovanni Vianna e Kelvin Hoefler, mas apenas Kelvin se classificou para as finais.
Kelvin participou da primeira bateria, sendo o 4° a entrar na pista, enquanto Felipe e Giovanni competiram juntos na terceira bateria, na segunda e quinta volta. Relembrando o formato das baterias no skate street: são duas voltas livres na pista, de 45 segundos cada uma, para conseguir a melhor pontuação. Depois os atletas fazem 5 manobras individuais, onde se destacam as duas maiores notas. Ao fim da bateria esses valores são somados e compõem o ranking geral, onde são selecionadas as 8 maiores notas para a final.
Eliminatórias
Já na primeira bateria tivemos participação brasileira e os competidores colocaram a régua lá em cima, apesar do nervosismo os atletas fizeram uma boa bateria e se destacaram com boas notas.
Kelvin Hoefler foi o 4° atleta a dar o “rolê” na Concorde e se destacou por ser o primeiro a fechar a volta sem nenhum erro. Ele começou com um halfcab crooked, seguido por um nosegrind no quarter, um flip backside tailslide, um flip frontside clipped e um lindo caballerial no frontside. Ele fechou a rodada com um flip backside noseblunt bem tranquilo e cravou 86.48, ficando momentaneamente na liderança da bateria. O atleta seguinte, Matias Dell Olio (Argentina), ultrapassou Kelvin com 88.06 no seu rolê.
Na segunda volta, o brasileiro começou com um halfcab crooked grind, um flip na lateral da extensão, um frontside nosegrind, um flip backside tailslide reverse, seguido por um flip frontside nosegrind e um halfcab nose que fecharam a volta perfeitamente e garantiram um 90.41 para Kelvin.
As manobras começaram com bastante nervosismo e todos os atletas caíram na primeira. Kelvin veio na big section e caiu na tentativa de um caballerial noseblunt reverse. Na sequência dele, o argentino Matias quebrou o segundo shape nas tricks, depois de ter quebrado outro na sua última volta.
Na segunda manobra, Kelvin acertou o caballerial noseblunt reverse muito bem executado, mas por já ter tentado a manobra e errado sua nota caiu um pouco e ele ficou com 73.98. Antes da terceira, o atleta reclamou do vento e falou do impacto nas manobras com um dos juízes. Na sequência ele cravou um caballerial tail reverse, encaixando somente a parte de trás do skate e marcou 85.53. Na quarta, na tentativa da manobra, ele caiu e sentiu a mão.
E fechando a bateria, Kelvin mandou um halfcab flip reversed, pontuando 89.30 e somando incríveis 265.24, que garantiram o 2° lugar na bateria e a classificação para a final.
Em entrevista à Cazé Tv, Kelvin disse estar feliz com a bateria. “Eu venho treinando bastante esses últimos anos. A gente ficou uns três anos aí, na batalha. Tô muito contente da minha performance.[..] E é isso aí que foi. Vamos aí, espero ir pra final e representar mais uma vez o Brasil, né? Vamos que vamos.”
A segunda bateria não teve brasileiros e na terceira foi a hora de Giovanni Vianna e o Felipe Gustavo brilharem.
Giovanni foi o segundo da bateria e sua primeira volta começou com um caballerial board no fake, seguido por um frontside grind, um backside tailslide, um flip frontside rockslide na trave reta, um backside blunt e fechando com um fake hurricane e caballerial noseslide no fake, fechando sua primeira volta com 85.67. Na segunda, ele começa com um caballerial board, um frontside nosegrind, um backside tailslide, vindo com um big spin frontside rockslide e um backside overcrook e fechando com uma tentativa do flip frontside rockslide que infelizmente não encaixou e o Giovanni caiu, pontuando 44.03.
O brasiliense Felipe Gustavo foi o último da bateria e começou o rolê com backside nosegrind, seguido por um flip backside crooked e um frontside noseslide, mas infelizmente caiu na tentativa do frontside flip passando pelos bumps e deixou o skate escapar, fechando a volta com 26.29. A segunda volta começou com um backside nosegrind, deu um flip para subir a plataforma, deu um flip backside crooked grind, um frontside flip passando o vão, infelizmente ficou só na tentativa do switch frontside flip e fechou a rodada com o switch flip na escada, garantindo a pontuação de 64.67.
As manobras foram decisivas para os brasileiros. Na primeira trick, Giovanni caiu na tentativa do caballerial frontside blunt e na segunda também caiu na mesma manobra. Na terceira ele executou perfeitamente um caballerial frontside bluntslide cravando 92.85. Na quarta manobra ele fez um halfcab smith, mas como o shape não encaixou certinho na plataforma ele pediu para cancelar para não “queimar” a manobra em uma nota baixa. Na última trick, ele tentou novamente o halfcab que escapou e Giovanni Vianna se despediu da sua segunda participação nos jogos olímpicos.
Felipe Gustavo começou muito bem com um flip frontside noseslide lindíssimo que garantiu 93.22. Na segunda trick, ele caiu na tentativa de um switch flip backside nosegrind. Na terceira, ele tentou um switch stance, mas o truck acabou escapando no nosegrind e ele caiu. Na sua última chance de classificação, Felipe caiu no flip backside nosegrind e deixou as pistas em Paris.
Na quarta bateria não tivemos brasileiros, mas foi um momento de muita tensão porque havia chances de Kelvin Hoefler ser ultrapassado. Ao fim da fase eliminatória os classificados foram:
* Jagger Eaton (EUA) 274.88;
* Nyjah Huston (EUA) 272.66;
* Shirai Sora (Japão) 270.42;
* Horigome Yuto (Japão) 270.18;
* Matias Dell Olio (Argentina) 266.28;
* Kelvin Hoefler (Brasil) 265.24;
* Cordano Russel (Canadá) 263.87;
- Richard Tury (Eslováquia) 257.99.
Final
Kelvin Hoefler, que ganhou a prata em Tóquio, foi o terceiro na pista para a grande final e começou o primeiro rolê com um fake halfcab cooked, seguido por um flip backside tail reverse, um flip frontside fifty, um half cab frontside rockslide, um backside noseblunt no gap com bastante velocidade e fechou com um frontside boneless cravando a nota de 87.25. No fim da primeira volta de todos os competidores, o atleta brasileiro ficou em 4° lugar no ranking.
A segunda volta foi mais complicada, ele começou com um halfcab crooked, seguiu com um flip e um fakie nosegrind, fez um flip backside tailslide reverse e acabou caindo no frontside nosegrind que escapou. Ele fechou a volta ali, mesmo faltando 15 segundos para encerrar o tempo e pontuou 38.74.
Nas tricks o Kelvin veio com tudo, com o pé no fake, ele mandou um halfcab over crooked reverse que garantiu a pontuação de 90.14 e o sexto lugar ao fim da primeira rodada de manobras. Na segunda, o skate escapou na tentativa do caballerial noseblunt, o atleta caiu e não pontuou. Na terceira manobra, Kelvin foi em direção ao big section e executou um caballerial frontside bluntslide, no fim ele quase desequilibrou mas conseguiu segurar e pontuou 92.88, saltando para o 3° lugar.
Na quarta manobra ele foi para a borda e tentou um flip backside, mas acabou caindo no nosegrind, fechando a rodada em 5° lugar. Para conquistar o bronze ele precisava de 98 pontos na última trick, mas infelizmente Kelvin caiu tentando um bigspin frontside blunt e se despediu da sua segunda final olímpica, desta vez sem medalha.
O pódio teve dobradinha estadunidense, com Jagger Eaton em 2° lugar (281.04) e Nyjah Huston (279.38) em terceiro. O ouro foi do japonês Horigome Yuto (281.14), que também foi vencedor em Tóquio e marcou a maior nota da história olímpica do skate street com 97.08.